A discussão da abertura dos supermercados aos domingos se arrasta por mais de dois anos em Umuarama. Sem um acordo entre os sindicatos patronal e dos empregados, o impasse não tem data para chegar ao fim. Multinacionais instalados na cidade, apoiadas em decisão judicial, estão abrindo todos os finais de semanas e tal situação incomoda alguns empresários locais, os quais tentam barrar o funcionamento no dia estipulado para o descanso.
Hoje a Convenção Coletiva do Comércio, no município, rege que os supermercados podem funcionar nos dois primeiros domingos de cada mês e seus proprietários devem garantir os pagamentos estipulados no acordo aos seus funcionários. Porém, os supermercados Big e Mercadorama (rede Walmart) apoiados em decisões da Justiça Federal ganharam o direito de abrir aos domingos em horário comercial.
A permissão, além de um decreto municipal que permite a abertura do comércio aos sábado e supermercados aos domingos aumentam a discussão iniciado em 2011. Naquele ano algumas empresas naturais da cidade queriam trabalhar aos domingos e outras não.
Para 2014 nada foi defino e desde abril, após quatro assembléias entre os representantes do sindicato, nenhum acordo foi firmado. Com isso a população e funcionários continuam sem uma resposta. Nos bastidores das negociações as conversas revelam que as discussões podem seguir até dezembro.
Para os proprietários da rede Planalto de Supermercados e Supermercados Musamar o funcionamento no primeiro dia da semana não é vantajoso. Os motivos passam pelo baixo fluxo de clientes e o encarecimento no pagamento dos funcionários, com horas extras e bônus, como também a sobre carga de trabalho. Já o gerente da rede de Supermercados Vivan, Claudinei Proença, o ideal seria o funcionamento todos os domingos até ao meio dia. “A abertura apenas em dois domingos confunde o cliente. Vamos pelo gosto do nosso cliente e muitos querem comprar no domingo”, disse.
De acordo com o vice-presidente do Sindicato Patronal do Comércio, Edgardo Veloso, após a vigência do decreto municipal, que permite o funcionamento em horário diferenciado, Umuarama é um dos poucos municípios no Brasil que respeita o direito de livre iniciativa dos empresários. “Se temos uma abertura, o sindicato não podemos cercear o direito dos empresários em privilegio de alguns. Temos que sair da ditadura”, disse.
Segundo Miromar Ponciano de Andrade, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Umuarama, a classe trabalhadora também não é contra a abertura aos domingos, desde que os trabalhadores recebam por isso. “Muitos falam em geração de emprego, porém isso não existe e hoje o exemplo que temos na cidade é de trabalhadores em dupla função e sobrecarregados. As empresas não realizam as contratações necessárias para conseguir trabalhar aos domingos”, disse.
Convenção Coletiva
Na última quarta-feira (3) os sindicatos voltaram a discutir o fechamento do acordo coletivo e as regras que vão normatizar o funcinamento do comércio de Umuarama. As propostas não foram aceitas e outra reunião ficou marcada para outubro.
O Sindicato Patronal do Comércio na ocasião ofertou um reajuste de 13.2% no salário - R$ 926,00 - e a criação de banco de horas, para compensar as horas extras trabalhadas. Também foi ressaltado a abertura dos supermercados em todos os domingos e o comércio varejistas em dois sábados até as 17h.
A proposta não foi aceita pelo Sindicato dos Funcionários do Comércio, pois segundo o setor jurídico a criação de banco de horas fere as conquistas dos funcionários até hoje. “O banco de horas acaba com o direito de receber as horas extra. O funcionário não vai receber pelas horas trabalhadas, como também fica a mercê da empresa, não terá hora para entrar nem para sair”, disse Miromar Ponciano.
Segundo o vice-presidente Edgardo Veloso, o sindicato patronal encaminhará outra proposta na próxima rodada de negociações.
Abertura aos sábados
A abertura do comércio em dois sábados é desnecessária, segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Umuarama (Aciu), José Celso Zolim. De acordo o empresário, uma abordagem simples foi realizada pela instituição com vários associados e a maioria absoluta – 80% – declarou ser contra. “Nossa posição oficial é a que representa a voz da maioria dos associados, mesmo que por amostragem. E eles decidiram que só querem o segundo sábado de cada mês”, justificou.
A abordagem também questionou sobre a necessidade de abertura do comércio em horário especial em casos específicos e a resposta foi que os empresários necessitam dessa abertura em três ocasiões especiais: no Dia das Mães, Dia dos Pais e na realização da Feira Ponta de Estoque. “Nós enviamos um ofício ao Sindicato dos Empregados no Comércio de Umuarama solicitando à presidente [Miromar Ponciano de Andrade] a abertura nos sábados 3 e 10 de maio – para vendas do Dia das Mães –, nos sábados 2 e 9 de agosto – para vendas do Dia dos Pais –, na quinta-feira dia 21 de agosto até às 22h, na sexta-feira dia 22 de agosto até às 22h e no sábado dia 23 de agosto até às 18h – para vendas no período da Feira Ponta de Estoque”, detalhou.